28 de abr. de 2009

Nosso

"Pai nosso que estás nos céus" (Mt 6.9)

    Vivemos no tempo do "eu". "Eu" sei. "Eu" faço. "Eu" mando. "Eu" sou melhor... É o tempo do egoísmo, do se aproveitar dos outros, do tirar vantagem de quem se puder... Até tem a famosa frase: "Cada um por si, e Deus por todos", que exemplifica isto muito bem.
    É uma frase totalmente errada, pois, quando Jesus ensinou o "Pai Nosso", ele falou bem diferente. Ele não disse: "Meu Pai", mas mandou orar: "Pai nosso". É verdade que nós, quando oramos, dificilmente nos lembramos deste "nosso". Estamos tão preocupados com os problemas que nos afligem, que costumamos clamar: "Ah! Meu Deus..."; "Oh! Meu Pai..." E mesmo quando não usamos este tipo de expressão, geralmente pensamos apenas em nós mesmos, ou em algum amigo ou familiar por quem oramos... e não pensamos na coletividade, no "nosso".
    A idéia do "nosso" é muito bonita. Ela nos coloca diante da realidade de quem é o nosso Pai, e Pai de quem Ele é: não apenas o "meu" Pai, mas de toda a humanidade. Primeiro, por direito de criação, pois Ele fez todo o universo, toda a vida, e também a vida de todos os seres humanos. Ele colocou dentro deles algo de si mesmo, pois os criou "conforme a sua imagem e semelhança". Sem pecado, santos e perfeitos, inteligentes... como Ele mesmo é. Ele é o Pai de "todos", neste sentido.
    Mas sabemos que o pecado, que entrou no mundo com os primeiros seres humanos, e que passa como uma "herança maldita" para a humanidade, este tirou o ser humano de Deus. Ninguém mais tinha o direito de chamar Deus de "Pai". Mas Deus continuou amando a sua principal criatura. Um amor tão grande, que Ele providenciou a salvação dela, dando seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, para que este morresse pelos pecados de todos na cruz. E providenciou para que quem nele cresse, tivesse perdão e salvação.
    Assim, quem crê em Jesus Cristo como seu "único e suficiente" Salvador, este volta a ter a Deus como seu Pai. E não sou só "eu" que sou filho de Deus. São TODOS os que creem. Estes formam a grande família de Deus na terra, a "comunhão dos santos", como diz no Credo Apostólico.
    Por isto, todos os salvos tem um só Pai, que é Deus. Por isto, somos uma grande família, unidos numa só fé, tendo todos em conjunto o "nosso Pai". No Catecismo Menor está colocada a pergunta: "Por que devemos dizer: 'Pai nosso'"? E então é dada a resposta: "Nós crentes em Cristo somos todos filhos dum só Pai, devendo por isso orar uns pelos outros, e em conjunto".
    O Catecismo também lembra o versículo: "Há um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos, e está em todos" (Ef 4.6).
    O "nosso" nos lembra que todos os que cremos em Cristo um dia estaremos juntos no céu, e formaremos a grande família de Deus. Lá todos seremos realmente como "irmãos", como disse Jesus. E, por isto, já devemos viver neste mundo, pensando como irmãos que somos, filhos do mesmo Pai. E devemos nos preocupar uns com os outros, orar em conjunto e uns pelos outros, e viver como verdadeiros irmãos. Por isto dizemos: "Pai nosso que estás nos céus" (Mt 6.9).
Pastor Romualdo, em 28/04/09

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