23 de dez. de 2010

Natal congestionado

Natal é gente saindo, é gente chegando. É tempo de pegar a estrada e seguir pelo caminho às origens. É o maior ciclo migratório no mundo humano. Algo parecido com a viagem de José e Maria à cidade de Belém, quando também somos obrigados a um recenseamento onde tudo começa. Qual a explicação disto? Por que nesta época o ponteiro da bússola insiste para o norte – este lugar magnetizado, conhecido e desconhecido ao mesmo tempo? De onde surge este sentimento que obriga no retorno para casa? A situação caótica das pessoas presas nos aeroportos da Europa, coberta de neve, expressa bem a angústia humana em querer voltar. O Natal congestionado nas estradas, nas ruas, indica esta obsessão de chegar ao destino de cada um. De onde este desejo em retornar ao seio familiar, à casa dos pais? Ou, no caminho inverso, em ir até onde estão os filhos, os netos? Inexplicavelmente, Natal é uma inconsciente viagem para o sentido da vida. Mas, onde está a vida? Creio que tenho a resposta para este desejo incontido no Natal. No ciclo migratório no mundo animal, a explicação está no instinto de sobrevivência que indica quando e para onde seguir. No nosso caso, a explicação está nas palavras do anjo aos pastores: “Hoje, em Belém, numa manjedoura, nasceu o Salvador de vocês”. Precisamos voltar para aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida (João 14.6). E precisamos voltar “hoje”, porque “hoje é o dia de ser salvo” (2 Coríntios 6.2). Sabemos disto. Está lá, no íntimo de cada um... Mas, porque somos estrangeiros e peregrinos por este mundo (1 Pedro 2.11), nunca chegaremos ao destino enquanto a estrada estiver obstruída. Mesmo com os modernos meios de transporte, a humanidade não consegue sair do lugar. Por isto a necessidade de uma complexa engenharia: “Preparem o caminho para o Senhor passar! Abram estradas retas para ele” (Mateus 3.3). Como? João Batista deu as coordenadas: “Arrependam-se dos seus pecados porque o Reino do Céu está perto” (Mateus 2.3). Natal é gente saindo, é gente chegando. Mas, é gente que não sabe para onde vai. Os viajantes do Oriente sabiam. Seguiram a estrela. Acreditaram na Profecia – na Palavra que é lâmpada para os pés e luz para o caminho (Salmo 119.105). Na verdade, no Natal nem é preciso sair porque é o Salvador que vem. Marcos Schmidt, pastor luterano em Novo Hamburgo, RS

0 comentários: